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A wonderful day

A wonderful day

08
Abr24

Lições de Grego

Licoes_grego.webp

(imagem retirada daqui)
 
Este foi o primeiro livro que li da autora Han Kang e desde a primeira vez que li a sinopse que fiquei muito interessada no mesmo.
 
Um homem e uma mulher. Um professor de Grego que está a perder a visão, num caminho cada vez mais escuro, em que as sensações, os cheiros são as suas âncoras. Uma aluna que um dia deixa de falar, que começa a perder a voz, enquanto faz o luto da mãe e procura aprender a viver sem o filho. O passado de cada um, as suas vivências, os seus traumas, e pouco a pouco a forma como se encontram em momentos tão difíceis das suas vidas.
 
Uma história, em que as personagens principais não têm nome. Esta contém apenas o essencial para acompanhar a vida daquele homem e daquela mulher, através de uma escrita diferente, sensível, que envolve o leitor.
 
A visão e a voz são elementos fundamentais da vida. Se perdermos um deles, como é que reagimos, como é que continuamos em frente? Qual o impacto dessa perda no nosso dia-a-dia? Um livro que questiona, mas que ao mesmo tempo mostra que é possível continuar.
 
“Não tirei fotografias. As paisagens ficaram apenas registadas nos meus olhos. Os sons, cheiros e sensações táteis que uma máquina fotográfica não consegue de forma alguma captar ficaram gravados nos meus ouvidos, no meu nariz, no meu rosto e nas minhas mãos. Ainda não havia uma espada entre mim e o mundo, pelo que, na altura, isso bastava.” (pág. 8)
 
Boas leituras!
11
Set23

A última noite de um tirano

 

tirano.webp

(imagem retirada daqui)

Esta história começa em Sirta, na Líbia, na noite de 19 para 20 de outubro de 2011, a noite em que Muammar Kadhafi foi morto e capturado.
O coronel Kadhafi governou a Líbia entre 1969 e 2011. Os protestos associados à Primavera Árabe (2011) percorreram vários países do Médio Oriente e do Norte de África com repercussões profundas no equilíbrio político desta área do mundo. Na Líbia eclodiu uma guerra civil e o governo de Kadhafi foi derrubado.

O livro está escrito na primeira pessoa e ao longo de 160 páginas é possível acompanhar as reflexões e memórias de um tirano. Este vê-se como o Irmão Guia que transformou a Líbia e fez tudo o que podia para proteger o seu povo. Refugiado numa casa e em fuga não consegue compreender a revolta do povo.
Um livro pequeno, repleto de de reflexões muito interessantes sobre a forma como os ditadores encaram o seu próprio papel na História.
Não tinha qualquer expectativa sobre este livro e foi escolhido de forma aleatória para a sessão de junho da biblioteca. No entanto, surpreendeu-me e para quem gosta de História recomendo muito a leitura.

"Não sou um ditador!
Sou o vigilante implacável; a loba que protege as crias, com as presas maiores que as goelas; o tigre indomável e cioso que urina nas convenções internacionais para marcar o território. Não sei curvar a espinha nem olhar para o chão quando me atacam de cima. Ando com o nariz bem levantado, com a minha lua cheia à laia de auréola, e espezinho os senhores do mundo e os seus vassalos.
Dizem que sou megalómano.
É falso.
Sou um ser excecional, a providência incarnada que os deuses invejam e soube fazer da sua causa uma religião." (pág. 76)

Boas leituras! 

14
Mai23

A Piscina

Apiscina.webp(imagem retirada daqui)

Kate é uma jornalista de 26 anos que trabalha num jornal local em Londres. Um dia é escolhida para escrever sobre o encerramento de Brockwell Lido, uma piscina local ao ar livre e integrada num centro de lazer e desporto. O espaço vai ser vendido pela Câmara Municipal para ser transformado num ginásio privado e a piscina convertida em campos de ténis. 

No Lido, Kate conhece Rosemary, uma viúva de 86 anos que frequenta o espaço desde a sua inauguração em 1937. Foi ali que Rosemary se apaixonou pelo seu marido George e que sempre nadaram juntos.

Este é o princípio de uma história sobre uma amizade crescente entre duas mulheres, de gerações distintas, que se sentem sós e que irão ajudar-se uma outra mais do que poderiam pensar no início.

É, igualmente, uma história sobre a importância de determinados espaços públicos, fundamentais para as comunidades locais e para os seus residentes. O livro fez-me refletir sobre a importância dos espaços públicos como as bibliotecas e/ou as piscinas e foi aquilo que me fez mergulhar completamente na história.

Um livro sobre amizade, amor, confiança e lutar por aquilo que é importante. Um livro que conforta e faz acreditar que é possível inverter um determinado rumo, se existir união em torno de um objetivo comum.

"-Vai ser uma grande pena se ele fechar mesmo - diz Jay. - Exatamente o que Rosemary disse a propósito da biblioteca; as pessoas protestaram, mas só depois de ela fechar é que compreenderam o que perderam." (pág. 190)

Recomendo muito a leitura deste livro!

Boas leituras!

 

26
Abr23

Três

Tres.webp(imagem retirada daqui)

Adrien, Nina e Étienne conhecem-se em 1987 no início do 5.º ano e tornam-se inseparáveis. Assim começa a história dos “Três”, a qual decorre entre 1987 e 2017. Através dela é possível acompanhar a infância, adolescência e a entrada da vida adulta dos Três.

A sinopse refere que este é um livro sobre a amizade e a forma como esta evolui ao longo do tempo entre os Três. A amizade é uma constante entre Adrien, Nina, Étienne, entre as suas famílias, que estão presentes sempre que necessário e que os acolhem como se fossem seus. No entanto, a amizade entre os Três provoca igualmente sentimentos de inveja e obsessão naqueles que convivem com eles e que marcam de alguma forma o rumo da história.

O livro, na minha opinião, é igualmente sobre solidão, uma solidão imensa. Esta história é sobre ser invisível aos olhos daqueles com quem a vida é partilhada diariamente e de forma próxima, sem se conhecer verdadeiramente o outro, sem se saber viver num mundo que não reconhece e não aceita as diferenças.

Uma escrita fácil de ler, que prende a atenção, com um mistério, uma sombra que acompanha todo o enredo e que me fez virar página atrás de página. Uma história bem construída, recheada de música, cheiros e sabores que terminei com um sentimento agridoce.

A Breve Vida das Flores” foi um livro que gostei imenso e que na minha opinião é superior ao livro “Três”. No entanto, vale a pena ler “Três”, sendo que estas histórias não são comparáveis.

“Nina, Étienne e Adrien acabaram de entrar numa infância de inseparáveis. Naquele dia e todos os restantes dias, não me viram”. (pág. 10)

Boas leituras!

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