A névoa dos dias
A névoa cobria pouco a pouco os seus olhos e avançava lentamente. Os dias cinzentos eram ainda mais cinzentos. Os dias azuis, brilhantes, aqueles dias em que a esperança renasce eram apenas dias claros, com uma névoa ténue, em que tinha de intuir que estava um dia luminoso. A névoa teria de avançar mais um pouco, sem data definida. Era muito arriscado antecipar qualquer intervenção.
A névoa cobria pouco a pouco os seus olhos, entranhava-se lentamente em si, tornando os dias iguais, sem grandes expectativas, com um adiar de sonhos até ao dia em que essa desaparecesse.
Onde estava a força de outros dias, a vontade de fazer diferente e melhor? Seria a névoa a desculpa perfeita para que algo mais profundo e escondido no seu interior ganhasse forma e espaço dentro de si? Não sabia responder! Contemplava o dia cinzento, mas sabia que teria de encontrar soluções. Algures dentro de si, algo teria de renascer, o mundo teria de ganhar novas cores, mesmo que coberto de uma ligeira névoa.