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A wonderful day

A wonderful day

10
Mai24

Lenços pretos, chapéus de palha e brincos de ouro

Lencos_pretos.webp

(imagem retirada daqui)

“E assim vai dando o contexto de imagens de mulheres que nunca andam de mãos vazias. Carregam cestos. Levam fardos ou cântaros à cabeça. Empurram carroças. Levantam pesos com as mãos nuas. Pegam em filhos. As filhas já pegam em irmãos.” (pág. 38)

Um livro pequeno, mas grande em conteúdo. Ao longo das suas páginas é possível acompanhar as reflexões da autora sobre o percurso de Maria Lamas (1947 a 1949), enquanto percorria Portugal para fotografar e registar as mulheres do seu país, projeto que daria origem ao livro “As Mulheres do Meu País”. Este foi originalmente publicado em fascículos entre 1948 e 1950.

No entanto, este livro é também uma reflexão da autora sobre o seu próprio percurso, enquanto procura reconstruir os passos de Maria Lamas para o filme de Marta Pessoa – “Um Nome para o Que Sou”.

O livro de Susana Moreira Marques é, igualmente, uma reflexão sobre as suas vivências, a sua avó, sobre as mulheres de Portugal no século XXI e as diferenças existentes entre as duas épocas, especialmente após a revolução de 1974.

Um livro em que cada frase nos impele a parar, refletir e só depois continuar a leitura.

Escolhi ler este livro na semana em que se celebraram os 50 anos do 25 de Abril, em que se celebrou e se celebra a Liberdade e um tempo novo para um país, após uma ditadura que durou 48 anos. Fiz coincidir a leitura do livro com a visita à exposição “As Mulheres do meu País” patente na Biblioteca de Arte Gulbenkian, o que tornou quer a leitura, quer a visita à exposição, mais enriquecedoras.

Depois da publicação, as Mulheres do Meu País não recebe demasiada atenção. Ninguém parece dar-se conta de que não é um livro apenas de carácter sociológico e etnográfico, de que nem sequer é uma simples reportagem, mas uma crítica direta a um país e a um regime que insistia que as mulheres do povo estavam contentes com aquilo que tinham. Elas – com os seus trajes indistinguíveis dos das suas vizinhas, com as fardas de trabalho gastas, com o ouro que exibem nas ocasiões especiais – são as principais fazedoras da identidade de um país em que se tinha orgulho por se ser pobre mas honrado; sofredor mas estóico; prática e simples mas imbuído da capacidade grandiosa para criar mitologias". (pág. 109)

Recomendo muito a leitura deste livro!

Boas leituras!

 

 

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