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A wonderful day

A wonderful day

26
Set24

Os Loucos da Rua Mazur

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(imagem retirada daqui

Foi a primeira vez que li um livro de João Pinto Coelho. Este livro ganhou o prémio LeYa 2017, mas sabia pouco sobre o mesmo. No entanto, tinha alguma expectativa sobre a história face ao conteúdo da sinopse e a opinião do blog Livros e Saltos, a qual prezo muito.

Ao longo do livro é possível acompanhar a história de Yankel - livreiro, judeu e cego desde nascença; de Eryk - escritor famoso e cristão; e de Shionka - filha da bruxa local. A história começa em Paris, em 2001, quando Yankel e Eryk se reencontram, após terem fugido da povoação polaca onde viviam.

Após o reencontro começa uma viagem ao passado que nos transporta para uma localidade polaca - o círculo perfeito - dividida entre a comunidade católica e a comunidade judaica. Durante a II Guerra Mundial a povoação é ocupada pelos russos e posteriormente pelos nazis.

A história é baseada em factos verdadeiros ocorridos na Polónia durante a Guerra. Um livro que nos faz refletir sobre as atrocidades cometidas durante as guerras e que continuam a ocorrer todos os dias. Um livro que nos questiona sobre o que faríamos se fosse connosco.

A leitura começou de forma lenta, mas sempre com vontade de saber mais. É uma leitura em crescendo, com um final que me deixou sem palavras. É muito difícil ficar indiferente a esta história.

Uma palavra para o título do livro: é um dos títulos mais adequados que li nos últimos tempos. No fim fiquei a pensar quem seriam os verdadeiros loucos.

Aí levantou-se a ventania - tão demente que varreu tudo à sua passagem: a chuva, as ruínas calcinadas do hospício, os cães. Sozinho no meio da rua, àquela hora esquecida, o padre vestido, com a barba a drapejar, procurava a quem rezar.

(pág. 287)

Li este livro em janeiro de 2023 e na altura partilhei a sua leitura na minha página no Instagram, mas não coloquei o texto no blog.

Nesta sexta-feira, dia 20, tive oportunidade de ouvir o escritor João Pinto Coelho na biblioteca. Se já tinha gostado muito do livro “Os Loucos da Rua Mazur” depois desta conversa, a história ganhou uma nova perspetiva e tinha mesmo de partilhar este livro no blog.

Agora espero conseguir ler em breve o livro “Perguntem a Sarah Gross”.

Recomendo muito a leitura deste livro.

Boas leituras!

24
Set24

Sunset na Horta

Na empresa onde trabalho existe um programa de voluntariado em que mensalmente os funcionários podem dedicar um conjunto de horas a um projeto de voluntariado. Um dos grupos apoia um projeto agroecológico, existente numa comunidade terapêutica. Esta tem como missão a recuperação e reinserção plena de pessoas com dependências químicas.

A Comunidade está localizada numa quinta e através do projeto agroecológico pretende-se criar um conjunto de competências nos utentes, de forma a facilitar a sua reinserção e, simultaneamente, criar condições para a produção de produtos hortícolas e frutas que ajudem nas refeições fornecidas pela instituição.

O grupo de voluntários teve como primeiro objetivo a instalação de um bosque na quinta, de forma a dotar a mesma de um espaço de fruição. Após a plantação das árvores e arbustos, o grupo contribui semanalmente para a manutenção do bosque e ajuda nas diferentes tarefas associadas à horta e ao pomar que existem na quinta.

No meu caso e até ao início deste ano nunca tinha feito voluntariado, por vários motivos, entre os quais considerar que não tenho perfil para o fazer, especialmente no contacto com pessoas que estão em situações de vida muito delicadas.

No final de 2023 decidi inscrever-me nesse grupo. O trabalho é ao ar livre e em princípio o contacto com os utentes seria reduzido, o que contribuía para diminuir os meus receios. Comecei em janeiro e tem sido um ano de aprendizagem, no qual quero destacar o compromisso com os outros. Os utentes estão à nossa espera e gostam da nossa presença, pelo que procuro gerir a minha agenda, de forma a garantir que consigo cumprir as minhas horas mensais.

Destaco ainda a empatia porque ter consciência de que nos pode acontecer algo semelhante ou a alguma das nossas pessoas, ajuda-nos a valorizar aquilo que temos e a agradecer todos os dias.

Na quinta-feira passada os utentes organizaram uma pequena festa ao final da tarde – um sunset – para agradecer aos diferentes voluntários a sua ajuda na Comunidade e quis registar esse momento. O meu contributo é pequeno, 3 a 4 horas mensais de trabalho numa horta e num pomar, mas ter consciência que mesmo pequeno pode ajudar na vida de algumas pessoas, tem sido uma aprendizagem muito importante.

22
Set24

As Mulheres

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(imagem retirada daqui)

Califórnia, 1966 - Frankie é uma jovem proveniente de uma família abastada, a terminar a licenciatura em enfermagem, cujo destino está pré-definido: casar e constituir família. No entanto, Frankie quer seguir os passos do seu irmão Finley, o qual foi destacado para a guerra do Vietname. “As mulheres também podem ser heroínas” e Frankie decide contrariar o seu destino. Alista-se no exército, como enfermeira, e parte para o Vietname.

Este é o início de uma história em que é possível acompanhar a vida de Frankie e das suas amigas enfermeiras Ethel e Barb na guerra, bem como o seu regresso a um país, em que os veteranos são apelidados de assassinos, quando terminam das suas comissões de serviço.

Um romance intenso sobre o papel não reconhecido das mulheres nesta guerra, mas também sobre o que é estar num hospital de evacuação em que os feridos sucedem-
-se uns aos outros e em determinadas alturas só resta apertar a mão a um jovem soldado. Como sobreviver a mais um turno, como sobreviver a uma comissão de serviço, como regressar à vida normal, depois de ter presenciado o inimaginável?

Gostei da história de Frankie, mas o que gostei mais foi do enquadramento histórico da mesma. Este é também um livro sobre um país dividido por uma guerra, que deixou feridas difíceis de sarar e afetou toda uma geração, de formas muito diferentes e que tornou a leitura mais interessante.

Guerra era uma coisa; outra bem diferente era bombardear aldeias cheias de mulheres e crianças. Deus sabia que não havia artigos sobre isso no Stars and Stripes. Porque é que não relatavam a verdade?

Surgiu um silêncio entre elas; nele, estava contida a verdade horrível que nenhuma delas queria enfrentar. A aldeia ficava no Vietname do Sul. E só os americanos tinham bombas.

(pág. 111)

Esta foi uma leitura difícil de interromper e recomendo a leitura deste livro.

Boas leituras!

PS. Obrigada equipa do Sapo pelos destaques desta semana. Foi uma boa surpresa e fiquei muito contente.

20
Set24

Um animal selvagem

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(imagem retirada daqui)

Neste momento, só começo a ler livros de alguns autores se tiver a certeza que posso ler sem restrições de horários e agenda. Joël Dicker é um desses autores e o novo livro “Um animal selvagem” não dá tréguas na leitura.

Um assalto a uma ourivesaria em Genebra, uma família aparentemente perfeita, mas as aparências enganam e página após página, o mistério adensa-se até ao dia do assalto.

O livro está escrito por partes, associadas a determinados eventos, e por dias até ao dia do desfecho. Em determinadas partes a história recua vários anos, de forma a enquadrar…ou aumentar as dúvidas sobre o momento atual.

Joël Dicker é um verdadeiro mestre do suspense e o livro não desiludiu.

Confesso que este não é o meu livro preferido do escritor, mas gostei muito, mesmo muito desta leitura.

Mas os animais selvagens são como os homens. Podemos amansá-los, restringi-los, fazer com que pareçam outra coisa. Podemos enchê-los de amor e esperança. Mas não podemos mudar a sua natureza.

(pág. 398)

Boas leituras!

18
Set24

Amor Estragado

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(imagem retirada daqui)

Uma família, como tantas outras, com quatro filhos rapazes. Manel é o filho mais velho e para si a família é o pilar fundamental da sua vida. No entanto, cada irmão segue o seu caminho e a vida de Manel não corresponde ao que sonhou.

Manel, desiludido, casa com uma mulher sem graça, que o envergonha perante a família. Dominado pelo álcool, incapaz de controlar as suas frustrações, sente-se uma vítima, enquanto a sua família o afasta cada vez mais. Já o seu irmão Zé tem a vida que Manel gostaria: casado com uma mulher bonita, com três filhos, em que aparentemente o dia-a-dia corre de feição. Zé assiste à degradação de Manel e à escalada de violência sobre a cunhada. Perdido nos seus fantasmas, não sabe como intervir e os laços familiares condicionam as suas ações.

Este foi um livro que tive de ler devagar e ao qual é impossível ficar indiferente. Um livro com uma linguagem direta, crua, intenso nas descrições e que não deixa nada por dizer. Um livro impactante sobre um tema, infelizmente muito atual, em que o número de vítimas de violência doméstica continua a aumentar todos os anos.

Eu nunca tolerara que um homem batesse numa mulher, e ele teve rédea solta por ser meu irmão. Pegou nos meus filhos ao colo, ensinou-os a andar de bicicleta, e tão só isso me impediu de querer atirá-lo para uma cela. Sei que íamos mentir em tribunal, dizer que a minha cunhada era louca. Ele tinha as mãos sujas do sangue dela, mas eu não podia sujar as minhas com a cadeia de um irmão. Que diriam os meus filhos se lhes mandasse o tio para a prisão?

(pág. 152).

Recomendo muito, mesmo muito a leitura deste livro.

Boas leituras!

01
Set24

Uma mesa e duas cadeiras

A minha primeira casa, enquanto jovem adulta, tinha uma varanda estreita e comprida. Nessa altura, sentia falta de um espaço ao ar livre onde ler um livro ao final do dia ou de beber um café ao sábado de manhã. Comprámos uma pequena mesa e duas cadeiras. Era o suficiente para nós, enquanto casal, e aproveitámos bem aquela varanda.

Mudámos para uma casa maior, mas a varanda ainda era mais pequena. A mesa e as cadeiras foram oferecidas. Não nos parecia que fosse possível ter esse mobiliário num espaço tão pequeno.

A família cresceu, a vida aconteceu e voltei a sentir falta de um sítio para estar ao final da tarde. Olhámos para a varanda de outra forma e conseguimos colocar uma estante com plantas, uma mesa e uns bancos. Fizemos muitas refeições nesse espaço e aquela pequena varanda tornou-se um prolongamento da casa e da nossa vida familiar.

Nova casa e desta vez com um bom espaço exterior com mesas, cadeiras, plantas e onde gostamos de estar. Nova varanda comprida e estreita, mas que parecia incompleta, abandonada. Sentia falta de algo.

Nova aquisição: uma mesa e duas cadeiras. Foi quase como voltar ao início da nossa vida conjunta. Agora ao final do dia, e enquanto os dias são grandes, aproveitamos para conversar, partilhar o dia, descontrair e este verão em que ainda não tivemos férias ganhou outro sabor.

(escrito a 16/08/2024)

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Leituras

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Um animal selvagem
Um Quarto Só Seu
As Mulheres
O Último Comboio para Key West
Amor Estragado
O Mergulho
O Tesouro
O Meu Nome é Lucy Barton
O Som em Mim
O Peso do Pássaro Morto
O Meu Pai Voava
Um dia na vida de Abed Salama: Anatomia de uma tragédia em Jerusalém
Augusta B. ou as Jovens Instruídas 80 Anos Depois
Memórias de uma falsificadora : a luta na clandestinidade pela liberdade em Portugal
Uma Espia Americana em Lisboa
Admirável Mundo Verde
A Minha Família e Outros Animais
Voltar do Bosque
E se eu morrer amanhã?
Cadernos da Água


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