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A wonderful day

A wonderful day

14
Abr24

Amor-próprio

Ao mesmo tempo, o olhar dele continuava a alimentar uma qualquer substância dentro de si, de que sempre carecera. Um território onde não fora capaz de erguer um edifício de amor-próprio, um território de secas e escassez constantes, a que sempre voltava para se certificar da própria pequenez, como uma condenação eterna. O olhar dele fertilizara esse terreno inóspito; a forma como lhe devolvia a própria imagem melhorada, como parecia acreditar nela e nas suas capacidades, como se revelava encantado, enfeitiçado por ela. Nunca fora capaz de seduzir um homem; aqueles que lhe haviam dedicado a sua paixão tinham sempre tomado a iniciativa, que ela aprovara sem se deter a levantar obstáculos, deslumbrada por se sentir desejada e por nessa vertigem conseguir entrever um pequeno clarão do que queria sentir-se amada.

em Lei da Gravidade de Gabriela Ruivo, pág. 216

12
Abr24

Lei da Gravidade

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(imagem retirada daqui)

Desta vez começo pelo fim, recomendo muito a leitura deste livro. Assim, talvez consiga encontrar algumas palavras para escrever sobre esta história. Durante a leitura foram várias as palavras que “correram” na minha mente: labirinto, jogos de espelho, realidades paralelas.

Um escritor, uma jornalista, uma mãe solteira com um filho pequeno, uma mãe, presa numa relação violenta, e com um filho pré-adolescente…diferentes personagens, interligadas entre si, numa realidade em que aparentemente compreendemos as ligações entre as mesmas. No entanto, enquanto o livro avança, surgem questões, muitas questões. Qual o tempo em que decorre a história? Serão aquelas personagens espelhos de si próprias ou de outras personagens semelhantes, em qualquer outro momento da história? Será que esta se repete como um círculo vicioso, em que por vezes só muda o nome da personagem e o contexto? Será possível interromper esse círculo, quebrar a violência existente no mesmo?

Este livro é um labirinto e deve ser lido com muita atenção. É um livro magnífico, que questiona, que “obriga” à reflexão, construído de uma forma que nos envolve até à última página.

Li o livro “Uma Outra Voz” da Gabriela Ruivo Trindade, quando ganhou o Prémio Leya 2013. Esse é um daqueles livros que tenho na memória, porque a leitura marcou-me, mesmo que já não me recorde da história. Talvez, por isso, tivesse muita curiosidade em ler “Lei da Gravidade”. Voltei a ser surpreendida e este livro, também, ficará na minha memória.

“- Ouça, a verdade que está no livro é a minha verdade, aquela que construí para sobreviver à catástrofe. O ser humano é escravo da sobrevivência. Faz sentido; se não sobrevivermos como espécie, acabou-se a existência humana. E, para sobrevivermos, precisamos de construir uma história, um enredo que faça sentido, que nos ofereça uma estrutura e uma identidade. O Homem precisa de sobreviver em dois níveis, o físico e o psíquico.” (pág. 182)

Boas leituras!

10
Abr24

25 de Abril - No Princípio era o Verbo

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(imagem retirada daqui)
 
Um livro para festejar os 50 anos do 25 de abril com textos de Manuel da Fonseca e ilustrações de Nuno Saraiva. 
 
O livro está dividido em 2 partes. Na primeira parte são descritos, hora a hora, os acontecimentos da noite de 24 de abril, a madrugada e o dia 25 de abril, os quais derrubam uma ditadura de 48 anos.
 
Na segunda parte são apresentadas as palavras de ordem, os slogans, os cartazes, os gritos das manifestações que se sucederam nos meses a seguir ao 25 de abril, num retrato de um país em que, de repente, se podia falar e escrever, sem qualquer censura. 
 
Uma leitura interessante, rápida, com uma abordagem diferente sobre os primeiros tempos pós 25 de abril. No final senti que o livro poderia ter um pouco mais de conteúdo. No entanto, é um livro que pretende festejar o 25 de abril, a liberdade, as palavras, as imagens e o livro cumpre esse propósito. 
 
"Portugal afogueava-se para falar, para gritar, para escrever, atropelando se preciso fosse a ortografia. Um dilúvio de palavras." (pág. 10)
 
Boas leituras!
08
Abr24

Lições de Grego

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(imagem retirada daqui)
 
Este foi o primeiro livro que li da autora Han Kang e desde a primeira vez que li a sinopse que fiquei muito interessada no mesmo.
 
Um homem e uma mulher. Um professor de Grego que está a perder a visão, num caminho cada vez mais escuro, em que as sensações, os cheiros são as suas âncoras. Uma aluna que um dia deixa de falar, que começa a perder a voz, enquanto faz o luto da mãe e procura aprender a viver sem o filho. O passado de cada um, as suas vivências, os seus traumas, e pouco a pouco a forma como se encontram em momentos tão difíceis das suas vidas.
 
Uma história, em que as personagens principais não têm nome. Esta contém apenas o essencial para acompanhar a vida daquele homem e daquela mulher, através de uma escrita diferente, sensível, que envolve o leitor.
 
A visão e a voz são elementos fundamentais da vida. Se perdermos um deles, como é que reagimos, como é que continuamos em frente? Qual o impacto dessa perda no nosso dia-a-dia? Um livro que questiona, mas que ao mesmo tempo mostra que é possível continuar.
 
“Não tirei fotografias. As paisagens ficaram apenas registadas nos meus olhos. Os sons, cheiros e sensações táteis que uma máquina fotográfica não consegue de forma alguma captar ficaram gravados nos meus ouvidos, no meu nariz, no meu rosto e nas minhas mãos. Ainda não havia uma espada entre mim e o mundo, pelo que, na altura, isso bastava.” (pág. 8)
 
Boas leituras!
07
Abr24

Leituras de março de 2024

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Março foi um mês longo, muito trabalhoso e também de muita reflexão. No entanto, foi um mês em que li bastante e livros muito interessantes.

As Árvores de Percival Everett

Lei da Gravidade de Gabriela Ruivo

A Biblioteca - Uma segunda casa de Manuel Carvalho Coutinho

Marzahn, Mon Amour de Katja Oskamp

As Enganadas de Teresa Veiga

25 de Abril - No Princípio Era o Verbo de Manuel S. Fonseca e ilustrações de Nuno Saraiva

Li autores que não conhecia como é o caso de Percival Everett, Teresa Veiga e Katja Oskamp e foram descobertas muito interessantes. Li livros de não ficção e continuei o meu passaporte literário.

Março foi também o mês da poesia e intercalado com as leituras, li e reli alguns poemas, nomeadamente A Colina que Subimos – Um Poema Inaugural de Amanda Gorman.

Destaco As Árvores de Percival Everett e Lei da Gravidade de Gabriela Ruivo. Dois livros muito distintos, mas que gostei imenso. Recomendo muito a sua leitura.

Abril será dedicado a livros sobre a revolução de 25 de Abril e a ditadura.

Boas leituras!

 

 

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