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A wonderful day

A wonderful day

26
Set23

O cheiro do café

Gosto do cheiro do café acabado de fazer numa cafeteira italiana.

É um cheiro que enche a alma de memórias. É um cheiro através do qual viajo para as férias de campismo, com a família, em que fazer café para o pequeno-almoço era um ritual.

Acordar com o cheiro do café misturado com o cheiro das árvores, os ruídos de um parque de campismo a acordar, a luz entrar na tenda é algo que faz parte das minhas recordações.

Na primeira vez em que fui acampar com o meu marido, disse-lhe que era obrigatório levarmos uma cafeteira italiana, mas não percebeu bem a minha insistência. Assim, que fizemos o primeiro café percebeu o porquê do meu pedido.

Um café feito em casa, numa cafeteira italiana, é uma aproximação fraca, mas este será sempre um cheiro que conforta e aconchega.

24
Set23

A demência e a leitura

Ontem foi um dia especial.

A Comunidade de Leitura da Biblioteca Pública de Évora juntou-se ao Café Memória de Évora para falar sobre “A Vivência da Demência e do Cuidar na Literatura”.

A Wikipédia refere: “Demência é uma categoria genérica de doenças cerebrais que gradualmente e a longo prazo causam diminuição da capacidade de raciocínio e memória, a tal ponto que interfere com a função normal da pessoa” (consultada a 24/09/2023 - Demência)

A melhor bibliotecária do mundo e a nossa querida psicóloga prepararam uma lista de livros sobre a demência para que os membros da Comunidade pudessem aprender sobre este assunto, perceberem um pouco o que é viver com demência ou cuidar de alguém que vive com esta doença.

Durante a sessão do Café Memória os participantes e voluntários falaram sobre os livros que os marcaram, sobre os seus autores preferidos e este foi o ponto de partida para uma conversa e partilha sobre a leitura e a importância que esta tem na vida de cada um.

A leitura é um ato solitário porque é algo que fazemos sozinhos, mas também é uma partilha sempre que falamos de livros com alguém. No entanto, para mim a leitura é muito mais que um ato solitário ou uma partilha de opiniões. A leitura  permite criar pontes, interligar gerações e pessoas diferentes, com percursos de vida muito distintos e ajuda a criar e/ou reforçar comunidades e grupos.

Ontem foi um dia de criar pontes, interligar pessoas e foi muito bom. Sinto-me muito grata por ter participado e de coração cheio!

Para saber mais sobre este assunto:

Café Memória

Alzheimer Portugal

 

16
Set23

Tahrir! Os dias da revolução

tahrir.webp

(imagem retirada daqui)

Algumas das minhas leituras mais recentes têm incidido em autores do Médio Oriente e a minha curiosidade sobre esta parte do mundo, nomeadamente sobre a sua História, tem aumentado nos últimos meses.

Tahrir! Os dias da revolução é o relato da jornalista Alexandra Lucas Coelho que acompanhou a revolução no Egipto em fevereiro de 2011.

Este livro, em formato diário, decorre entre os dias 5 e 14 de fevereiro e Alexandra Lucas Coelho partilha com os leitores aquilo que viveu na praça Tahrir. Através dele é possível conhecer alguns dos manifestantes, as suas origens, as expectativas e o porquê de estarem presentes naquela praça. Todo sentiam que estavam a viver um momento histórico e queriam dar o seu contributo.

Um livro que permite compreender um pouco mais sobre a História recente e que transmite a esperança de milhares de pessoas num mundo melhor, em que diferentes gerações e religiões poderão conviver e terem um futuro comum.

Os objetivos dos manifestantes da praça Tahrir não foram atingidos e, 10 anos depois, organizações não governamentais que promovem os direitos humanos e os valores democráticos consideram o Egipto como um país “não livre”.

No entanto, o testemunho dos que viveram aqueles dias é marcante. A esperança, a capacidade de acreditar que se pode construir uma sociedade melhor é algo ao qual não podemos ficar indiferentes.

Medo está fascinado. “É a primeira vez que vejo pessoas livres no Egipto. Antes de 25 de janeiro era impossível ver isto em público. É por isso que vimos aqui todos os dias. Nem conseguimos acreditar que somos iguais. Estamos a tratar-nos como iguais. Pobres e ricos a dormir na rua. Acho que não aconteceu em muitos lugares do planeta.”

Puxa um cobertor para me cobrir o colo.” (pág. 54)

Boas leituras!

15
Set23

Ser mulher no Afeganistão

"Zunaira faz que não com a cabeça:

- Não estou para voltar desgostosa para casa, Mohsen.

As coisas da rua vão estragar-me inutilmente o dia. Sou incapaz de passar diante de um horror e de fazer como se nada fosse. Por outro lado, recuso-me a usar o tchadri. De todas as albardas, é a mais aviltante. Uma túnica de Nesso não me faria sentir tão indigna como essa farpela funesta que me coisifica apagando-me o rosto e confiscando-me a identidade. Aqui, ao menos, sou eu, Zunaira, esposa de Mohsen Ramat, trinta e dois anos, magistrada despedida pelo obscurantismo, sem processo nem indemnização, mas com suficiente presença de espírito para me pentear todos os dias e cuidar de mim como a menina dos meus olhos. Com esse maldito véu, não sou nem ser humano nem besta, não passo de uma afronta ou de um opróbrio que, qual enfermidade, tem de esconder-se. É duro de assumir. Sobretudo para uma antiga advogada, militante da causa feminina. Peço-te que não penses de modo nenhum que estou a fazer cerimónias. Bem gostava de proceder de outro modo, mas ai! o coração já não pode. Não me peças que renuncie ao meu nome, às minhas feições, à cor dos meus olhos e à forma das meus lábios em troca de um passeio pela miséria e a desolação; não me peças que seja menos que uma sombra, um frufru anónimo largado numa galeria hostil. Sabes como  eu sou susceptível, Mohsen; odiar-me-ia por querer-te mal quando procuras apenas agradar-me. "

em As Andorinhas de Cabul, de Yasmina Khadra, págs. 68 e 69

13
Set23

As Andorinhas de Cabul

 

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(imagem retirada daqui)

Yasmina Khadra é um autor que descobri no âmbito do desafio do passaporte literário que estou a fazer durante 2023. Depois de ler “A Última Noite de um Tirano” fiquei com curiosidade de ler mais livros deste autor. Numa ida à biblioteca requisitei “As Andorinhas de Cabul” e o livro foi muito além do que esperava depois de ler a sinopse.

Um livro repleto de desespero, numa cidade em que a liberdade e os direitos humanos foram reduzidos a pó. Cabul é uma cidade em que o fundamentalismo religioso domina e os seus habitantes sobrevivem na miséria. As execuções públicas "alimentam" o povo e as mulheres não tem qualquer valor, numa sociedade dominada pelos talibãs.

A história decorre no período em que os talibãs dominam o Afeganistão após a ocupação soviética. Através da escrita de Yasmina Khadra acompanhamos a vida de dois homens e duas mulheres, numa sociedade que não reconhecem, em que as mulheres perderam a liberdade e estão reduzidas ao papel de servirem os homens.

Um pequeno romance que obriga a parar, a respirar fundo e refletir sobre o que faria se vivesse no mesmo contexto das personagens.

Como viver numa sociedade aberta, moderna e de repente perder todas as liberdades, incluindo algo tão simples como ligar o rádio e ouvir música?

Se perdermos a nossa liberdade e os valores humanistas em que acreditamos, será que enlouquecemos lentamente, será que procuramos forma de sobreviver no meio de loucura coletiva ou esta acaba por nos destruir?

Um livro complexo, em que muitas vezes tive de pensar que a história estava a decorrer no final do século XX e não na Idade Média. Infelizmente, a História repete-se e este é um livro muito atual.

Mais um livro que me deixou sem palavras e Yasmina Khadra é um autor que quero continuar a ler.

“Com excepção do da esposa, há anos que Atiq não vê um só rosto de mulher. Aprendeu mesmo a viver sem isso. Para ele, tirando Mussarat, não há senão fantasmas, sem voz nem encantos, que atravessam as ruas sem assombrarem os espíritos; nuvens de andorinhas em estado de decrepitude, azuis ou amarelentas, normalmente descoloridas, várias estações atrasadas, emitindo um som melancólico, quando passam perto dos homens.” (pág. 122)

Boas leituras!

11
Set23

A última noite de um tirano

 

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(imagem retirada daqui)

Esta história começa em Sirta, na Líbia, na noite de 19 para 20 de outubro de 2011, a noite em que Muammar Kadhafi foi morto e capturado.
O coronel Kadhafi governou a Líbia entre 1969 e 2011. Os protestos associados à Primavera Árabe (2011) percorreram vários países do Médio Oriente e do Norte de África com repercussões profundas no equilíbrio político desta área do mundo. Na Líbia eclodiu uma guerra civil e o governo de Kadhafi foi derrubado.

O livro está escrito na primeira pessoa e ao longo de 160 páginas é possível acompanhar as reflexões e memórias de um tirano. Este vê-se como o Irmão Guia que transformou a Líbia e fez tudo o que podia para proteger o seu povo. Refugiado numa casa e em fuga não consegue compreender a revolta do povo.
Um livro pequeno, repleto de de reflexões muito interessantes sobre a forma como os ditadores encaram o seu próprio papel na História.
Não tinha qualquer expectativa sobre este livro e foi escolhido de forma aleatória para a sessão de junho da biblioteca. No entanto, surpreendeu-me e para quem gosta de História recomendo muito a leitura.

"Não sou um ditador!
Sou o vigilante implacável; a loba que protege as crias, com as presas maiores que as goelas; o tigre indomável e cioso que urina nas convenções internacionais para marcar o território. Não sei curvar a espinha nem olhar para o chão quando me atacam de cima. Ando com o nariz bem levantado, com a minha lua cheia à laia de auréola, e espezinho os senhores do mundo e os seus vassalos.
Dizem que sou megalómano.
É falso.
Sou um ser excecional, a providência incarnada que os deuses invejam e soube fazer da sua causa uma religião." (pág. 76)

Boas leituras! 

10
Set23

Setembro

Os dias estão mais curtos e as manhãs mais frescas.

O calendário marca o início de setembro e sinto o ritmo dos dias a mudar. 

Não tenho meses ou épocas do ano favoritas. Gosto dos dias grandes de junho, mas também gosto do aconchego dos serões de inverno com a lareira, as mantas e os livros.

Setembro é o mês do arranque do ano letivo, do regresso à escola e às rotinas e no meu caso marca o arranque de mais um ano. No final do ano civil não faço balanços, nem defino objetivos e intenções para o ano seguinte. A passagem de ano é apenas uma data no calendário.

No entanto, no final de agosto, início de setembro é a altura do ano em que faço alguns balanços e defino novas rotinas. O arranque da escola e o regresso das férias propicia essa reflexão.

Este ano, setembro, marca mesmo o arranque de uma fase nova, com muitos desafios e rotinas diferentes. Será uma etapa diferente, com muitas emoções à mistura, mas quero acreditar que será uma etapa boa.

Setembro sê bem-vindo com todas as expectativas que tenho dentro de mim, os dias mais curtos e as manhãs mais frescas. 

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