(imagem retirada daqui)
Na última visita à biblioteca encontrei numa prateleira este livro - Dom Camilo em Moscovo - e quando percebi a história do livro fiquei muito contente. Senti que era quase como encontrar velhos amigos sem estar à espera.
Don Camillo e Peppone foram-me apresentados pelo meu pai há muito, muito tempo. Don Camillo é o padre de uma pequena aldeia, no sul de Itália, e Peppone é sindicalista e responsável pela célula comunista local. As aventuras de Dom Camillo e Peppone decorrem no período pós II Guerra Mundial, em que a Itália acabou de se tornar uma república (1946). Neste contexto, cada um deles defende aos seus valores - Deus por um lado e o Partido por outro – e têm desavenças constantes, em prol daquilo que defendem e acreditam. No entanto, sempre que necessário ajudam-se mutuamente em nome da comunidade e do bem comum.
Na altura, tínhamos os livros O Camarada Don Camillo e Don Camillo e seu rebanho das edições de bolso Europa-América. Lembro-me de passar momentos divertidos com as histórias de Don Camillo e Peppone. Não me lembro dos livros em si, mas foram duas personagens cujo nome memorizei, o que no meu caso é significativo.
Quando chegou a altura de dividir os livros que pertenciam ao meu pai, sabia que Don Camillo e Peppone ficariam comigo.
A leitura do Dom Camilo em Moscovo (afinal corresponde ao livro O Camarada Don Camillo) fez--me revisitar as personagens e acompanhar a visita destas à ex-União Soviética nos finais dos anos 50, do século XX.
Peppone ganha o Totobola, mas devido aos seus valores partidários não pode assumir que ganhou o 1.º prémio. Assim, pede a Don Camillo que receba o prémio em nome dele. Don Camillo aceita e fica com uma vantagem enorme sobre Peppone que irá utilizar mais tarde. Quando anos mais tarde, Peppone, entretanto senador, organiza uma viagem à ex-URSS com destacados camaradas do Partido Comunista Italiano, Don Camilo vê a sua oportunidade e consegue "convencer" Peppone a incluí-lo na comitiva disfarçado de camarada Camilo Tarocci. Este é o princípio de uma história muito divertida e bem conseguida em que Don Camillo tem como missão converter o maior número de camaradas no coração da União Soviética.
Um livro igualmente interessante porque mostra como era o comunismo na URSS e as interpretações efetuadas pelos camaradas que viviam noutros países e que não conheciam a realidade soviética.
“Tal como estão as coisas, se não fosse tão arrogante, até no ressonar – pensou Dom Camilo depois de contemplar Peppone por um instante -, era quase capaz de ter pena dele pelos aborrecimentos que lhe tenho causado.” (pág. 131)
Boas leituras!