(imagem retirada daqui)
Este livro despertou-me o interesse pelo assunto, uma vez que aborda a vida de Rui Nabeiro, fundador da Delta.
No meu caso ser alentejana significa que ao longo dos anos, ouvi muitas vezes falar sobre Rui Nabeiro, o seu percurso, aquilo que procurava e procura fazer em benefício de Campo Maior, da sua população e de quem trabalha nas suas empresas e por isso fiquei interessada no livro. No entanto, este não é uma biografia, mas um romance construído a partir das memórias de Rui Nabeiro.
É um livro, que sem contar em detalhe a vida do senhor Rui, do menino Rui, permite conhecer melhor a pessoa que é, os seus valores, a sua vontade de ajudar aqueles que o procuram e aqueles que precisam de ajuda, mesmo que não o procurem. Este romance é, também, uma viagem ao longo da história de Portugal entre 1931 e 2021, com referência a datas e personalidades da nossa História. O livro incide, igualmente, sobre acontecimentos muito presentes na história do Alentejo, principalmente para quem vivia junto à fronteira, como seja o contrabando e a Guerra Civil Espanhola.
Ler este livro é fazer uma viagem através das memórias e reflexões de um homem de 90 anos sobre a vida, a família, o envelhecimento e a morte, nos dias que antecedem o seu aniversário. Um livro com uma escrita poética em que a família é centro e o motor de uma vida longa e preenchida.
No início não foi uma leitura fácil, talvez porque tivesse acabado de ler a "A Breve Vida das Flores" que foi um livro que gostei muito. No entanto, pouco a pouco estava cada vez mais embrenhada nas memórias do Senhor Rui e valeu a pena esta leitura.
“Ser alguém com vinte anos, confiar em pleno nessas certezas e, no entanto, aos quarenta, grande espanto, olhar para a pessoa que fomos e descobrir diferenças fundamentais. A partir daí, fazer essa avaliação de tempos a tempos, ao longo do resto da vida, e encontrar sempre a mesma surpresa ligeiramente triste. Se deixámos de ser quem éramos, quem passámos a ser? Ou será que não deixámos de ser quem éramos e apenas ficámos a saber melhor quem sempre fomos?” (pág. 65)
Boas leituras!