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A wonderful day

A wonderful day

11
Dez22

Migrantes

"À medida que Rebeca lhe revela os poucos pormenores da história que conhece, Luca começa a perceber que é aquilo que todos os migrantes têm em comum, é aquela a solidariedade que existe entre eles, apesar de virem todos de diferentes lugares e diferentes circunstâncias, uns urbanos, outros rurais, uns de classe média, outros pobres, uns educados, outros analfabetos, salvadorenhos, hondurenhos, guatemaltecos, mexicanos, índios, cada um deles carrega uma história de sofrimento em cima daquele comboio rumo ao Norte."

em Terra Americana, de Jeanine Cummins , pág, 195

10
Dez22

Terra Americana

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(imagem retirada daqui)

Lydia e Luca são duas personagens que vão ficar na minha memória. Até posso esquecer o nome deles, como costuma acontecer com outras personagens das quais gostei muito, mas a sua história vai ficar comigo.

Lydia e Luca, mãe e filho, vivem uma vida tranquila em Acapulco, quando a tragédia os atinge. Toda a família é assassinada pelos narcotraficantes e eles serão os próximos. Assim, começa uma fuga pela sobrevivência ao longo do México, rumo ao Norte, juntamente com outros milhares de migrantes. Lydia e Luca tornam-se migrantes no seu próprio país.

Um livro muito forte, duro, em que não queria parar a leitura. Um livro que se lê com a respiração suspensa em cada passo que Lyda e Luca conseguem avançar na sua fuga, em cada sobressalto, em cada decisão que é necessário tomar, sempre na incerteza se será um avanço ou se os conduzirá às mãos daqueles que os perseguem.

Um relato avassalador sobre a migração na América Central em é possível perceber como é fácil perder a essência humana, quando só se quer sobreviver. No entanto, o livro está recheado de pequenos episódios que mostram a humanidade das pessoas, em  que pequenos gestos e, por vezes, grandes gestos podem fazer a diferença na vidas dos outros, incluindo salva-los dos piores dos destinos.

Um retrato impressionante sobre a maldade humana, a violência, a miséria e ao mesmo tempo sobre uma vontade férrea de sobreviver.

Este livro vai ficar na minha memória e é certamente um dos meus preferidos deste ano. Recomendo muito a sua leitura.

"Quando a ideia lhe ocorreu pela primeira vez, agachada à sombra da Oficina Central del Registro Civil, foi como camuflagem: podiam disfarçar-se de migrantes. Mas agora, que está sentada naquela biblioteca sossegada com o filho e as suas mochilas cheias, Lydia compreende, com choque, que é tudo menos um disfarce. Ela e Luca são mesmo migrantes. É isso que são. E esse simples facto, juntamente com todas as outras novas realidades agrestes da sua vida, arranca-lhe o ar dos pulmões.” (pág. 116)

Boas leituras!

08
Dez22

Almoço de domingo

almoco_domingo.webp

(imagem retirada daqui)

Este livro despertou-me o interesse pelo assunto, uma vez que aborda a vida de Rui Nabeiro, fundador da Delta.

No meu caso ser alentejana significa que ao longo dos anos, ouvi muitas vezes falar sobre Rui Nabeiro, o seu percurso, aquilo que procurava e procura fazer em benefício de Campo Maior, da sua população e de quem trabalha nas suas empresas e por isso fiquei interessada no livro. No entanto, este não é uma biografia, mas um romance construído a partir das memórias de Rui Nabeiro.

É um livro, que sem contar em detalhe a vida do senhor Rui, do menino Rui, permite conhecer melhor a pessoa que é, os seus valores, a sua vontade de ajudar aqueles que o procuram e aqueles que precisam de ajuda, mesmo que não o procurem. Este romance é, também, uma viagem ao longo da história de Portugal entre 1931 e 2021, com referência a datas e personalidades da nossa História. O livro incide, igualmente, sobre acontecimentos muito presentes na história do Alentejo, principalmente para quem vivia junto à fronteira, como seja o contrabando e a Guerra Civil Espanhola.

Ler este livro é fazer uma viagem através das memórias e reflexões de um homem de 90 anos sobre a vida, a família, o envelhecimento e a morte, nos dias que antecedem o seu aniversário. Um livro com uma escrita poética em que a família é centro e o motor de uma vida longa e preenchida.

No início não foi uma leitura fácil, talvez porque tivesse acabado de ler a "A Breve Vida das Flores" que foi um livro que gostei muito. No entanto, pouco a pouco estava cada vez mais embrenhada nas memórias do Senhor Rui e valeu a pena esta leitura.

“Ser alguém com vinte anos, confiar em pleno nessas certezas e, no entanto, aos quarenta, grande espanto, olhar para a pessoa que fomos e descobrir diferenças fundamentais. A partir daí, fazer essa avaliação de tempos a tempos, ao longo do resto da vida, e encontrar sempre a mesma surpresa ligeiramente triste. Se deixámos de ser quem éramos, quem passámos a ser? Ou será que não deixámos de ser quem éramos e apenas ficámos a saber melhor quem sempre fomos?” (pág. 65)

Boas leituras!

 

03
Dez22

A mulher que trata do cemitério

"A mulher que trata do cemitério tem um ar triste, mas sorri sempre a quem passa. Ter um ar triste, acho que é o ofício que lho exige. Parece-se com uma atriz que nunca esqueci. É bela, mas sem idade. Reparei que está sempre bem vestida. Ontem comprei-lhe flores para o Gabriel. Não tinha vontade de lhe oferecer as minhas rosas. A mulher que trata do cemitério vendeu-me uma bonite urze malva. Falámos de flores, ela parece apaixonada por jardins. Quando lhe disse que tinha um roseiral, iluminou-se. Já não era a mesma."

em "A Breve Vida das Flores", de Valérie Perrin, pág. 228 

02
Dez22

A Breve Vida das Flores

brevevidaflores.webp

(imagem retirada aqui )

2017, Borgonha - Violette Trenet, nome de casada Toussaint (Todos-os-Santos) é guarda do cemitério de Brancion-en-Chalon.

Violette uma jovem mulher, sofrida, que em determinada fase da vida não existia, estava vazia.

Violette uma mulher que não gosta da infelicidade e que decidiu que esta tinha de acabar um dia.

Uma mulher bonita, triste, com dois roupeiros: verão e inverno, e que transmite serenidade a quem se cruza com ela.

Uma história muito bonita, com uma escrita poética, repleta de pequenas frases sobre a vida, a morte, a ausência daqueles que já partiram.

Uma história sobre morrer em vida e pouco a pouco renascer no local mais improvável - um cemitério.

Um livro que vale a pena ler, com uma história muito bonita e que fiquei com pena de terminar.

"Há uma coisa mais forte do que a morte: a lembrança dos ausentes na memória dos vivos". (pág. 53)

Boas leituras!

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